Primeira turma do projeto Oportunidades na Nuvem, Português e Cultura Brasileira, que visa acolher pessoas migrantes e brasileiras, formá-las e empregá-las no mercado de tecnologia e computação em nuvem se formou em dezembro
Em uma iniciativa que proporciona acesso ao conhecimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social, a Escola da Nuvem, em parceria com a OIM, Agência da ONU para as Migrações, com a Amazon Web Services (AWS) e com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, formou em dezembro, uma turma de educação em tecnologia e computação em nuvem composta por 20 alunos migrantes residentes em São Paulo (SP). A cerimônia de certificação foi realizada em 14 de dezembro, no Auditório Mackgraphe, na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A turma de migrantes participou do curso através do Projeto Oportunidades na Nuvem, Português e Cultura Brasileira, que visa a inserção socioeconômica dessas pessoas. Ao longo de um semestre de curso, elas tiveram capacitação sobre computação em nuvem, língua portuguesa e cultura brasileira, além de aulas sobre habilidades comportamentais, as chamadas soft skills, pensadas especificamente para quem vai atuar na área de Tecnologia.
Entre os conteúdos da formação estiveram tecnologia de nuvem AWS, dentro do programa AWS re/Start; ética no trabalho; imagem e marca pessoal; construção de currículo; estratégias para entrevista de emprego e desenvolvimento de carreira. Agora, os alunos seguem para a etapa de contato com empresas da área de TI, que buscando a colocação deles no mercado de trabalho.
A responsável pelas parcerias sociais e educacionais da Escola da Nuvem, Maria Augusta de Mello Saraiva esteve na cerimônia de formatura e contou como foi o processo de acolher e formar as pessoas migrantes nessa iniciativa. “Tínhamos a barreira da linguagem, que foi suprida com as aulas de português e cultura brasileira. Os alunos também precisavam entender a ferramenta de ensino que utilizamos, então contamos com o trabalho de uma professora e outra da Faculdade de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie para criar uma apostila de apoio. Esse é um projeto bonito, colaborativo, que tocou a vida de muitas pessoas e de muitas pessoas migrantes que procuraram o Brasil para ser o novo lar. Isso é o que a gente não pode esquecer”, disse.
Uma das alunas, a venezuelana Astrid mora no Brasil há quase cinco anos. Enfermeira, ela atualmente trabalha como cuidadora de idosos e começou, em 2023, a se dedicar a alguns cursos da área de tecnologia. “Antes, eu não tinha conhecimento em tecnologia, pois nunca me motivei a aprender sobre o assunto, mas quero agradecer por essa oportunidade. Embora no início eu não soubesse nada, desenvolvi uma afinidade melhor com a tecnologia. Estou animada para continuar explorando este mundo mágico e maravilhoso”, comentou, demonstrando interesse em continuar estudando na área de TI e encontrar um emprego.
A assistente de projetos da OIM Victoria Oliveira, ressaltou a importância da formatura para um processo de empoderamento de comunidades. “A OIM acredita que a migração é um motor de desenvolvimento, tanto para a comunidade de origem como para a de acolhida. Esse curso pode aumentar o potencial das pessoas migrantes e auxiliar seu empoderamento”, explicou.
Além dos alunos, a celebração contou com a presença do Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marco Tulio de Vasconcelos; do Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Dr. Cleverson Pereira de Almeida; do Diretor da Faculdade de Letras Rafael Fonseca Santos e da Diretora da Faculdade de Computação e Informática Profª. Dra. Daniela Vieira Cunha, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“Além da preocupação que a Universidade Presbiteriana Mackenzie tem de preparar o aluno para as questões técnicas de uma profissão, ela também ensina coisas para a vida. Isso faz parte da nossa missão. Para os nossos alunos, esse projeto foi muito importante, porque eles participaram de cenários e realidades diferentes. Isso é muito importante: o social, ir além dos muros do campus, atingir a sociedade de alguma forma e contribuir para o acolhimento dessas pessoas”, comentou a Profª. Dr. Daniela Cunha.
Além de ter garantido acesso a espaço de estudos e computadores, a Universidade Presbiteriana Mackenzie também disponibilizou alunos para fazerem monitoria nos laboratórios de informática durante o projeto. Houve, ainda, engajamento do setor privado, com a sensibilização de restaurantes do campus onde aconteciam as aulas: eles forneceram alimentação gratuita aos alunos durante a formação. Apoiaram o projeto o Bar do Zé, Rei do Mate, Mille Bistro, Borges, Casa do Pão de Queijo, Candy Place, Grazie, Anne e Trishul Chimbili, além de doadores americanos.
A iniciativa foi realizada no âmbito do projeto Oportunidades – Integração no Brasil, implementado pela OIM com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e se somou às iniciativas que a OIM tem desenvolvido para impulsionar a integração socioeconômica da população migrante em segmentos da economia verde e da inovação.